quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Não preciso de bandeira, preciso de toalha!

Aproximadamente 141.000 “pessoas que impactaram o mundo”. Esse foi o número de respostas que o Google me ofereceu na minha busca por pessoas relevantes que marcaram a história que poderiam me ajudar a encontrar caminhos para uma vida menos medíocre. Fiquei empolgado! Tinha bastante material para minha pesquisa.
Comecei com uma olhada por cima para identificar os mais interessantes. Logo me chamou atenção que entre poucas notícias sobre a atual crise mundial, havia uma imensa maioria de sites cristãos que diziam que alguém havia impactado o mundo, a maioria deles, porém, falava de seus próprios ministérios, denominações... eram quase textos institucionais. A empolgação inicial logo foi embora... mas eu não devo ser o único mal sucedido nesses sites de busca...
Resolvi insistir... achei um vídeo do Youtube com fotografias que marcaram a história, era em espanhol. Estavam lá... o terremoto de 1906 em São Francisco nos EUA, a grande depressão de 1936, Hitler na França, a morte do “ultimo Judeu de Vinnitsa”, a bomba atômica de Iroshima e Nagasaki, Inejiro Asanuma japonês socialista assassinado em 1960, Che Guevara capturado em 1967, Phan Thi Khim Puc menina vietnamita fugindo dos bombardeios em 1972... e seguiram mais algumas fotos chocantes de conflitos mais recentes. Mas não era bem isso que eu procurava. Acabei me entristecendo.
Os cristãos, principalmente em movimentos jovens, parecem ser os únicos que ainda acreditam que podem impactar o mundo com sua mensagem, mas por que não impactam? Sem recorrer às respostas prontas e rápidas, é difícil responder... porque a mensagem que carregamos sem dúvida é impactante.
Faço parte dessa geração... acusada de ser individualista, preguiçosa, imóvel, sem ideais, sem compromisso, sem uma bandeira, que não acredita nas instituições... e olhando assim parece que não vai ser essa geração que vai impactar o mundo. Mas somos fruto das outras gerações... que tinham a idéia politizada de um movimento nacional, que lutava pelos seu ideais, que acreditava nas instituições e brigava por elas, que assumia o compromisso até as últimas conseqüências... é... eu sou filho dessa geração... e talvez uma das conseqüências tenha sido essa... muita dedicação aos ideais e pouca presença paterna. Faço parte dessa geração... que viu os pais lutarem por instituições as quais não reconhecem mais e chegam ao final da vida vendo elas falirem tanto em seus propósitos como financeiramente.
Eu não quero repetir o modelo da geração que passou. Mas também não nego o seu esforço e caminhada... eu quero a sua bênção para ir além. Será que é possível?
Eu creio que a atual geração nasceu para este tempo! E precisamos assumir isso.
Muitas das coisas que dizem sobre nós são verdade... mas também é verdade que nesse mundo maluco onde as formas do passado parecem não se encaixarem, nos resta depender inteiramente de Deus. Nós temos mais facilidade em aceitar a intervenção poderosa do Espírito, porque não queremos fazer tudo sozinhos, e mesmo que isso possa parecer preguiça, é dependência. Realmente não acreditamos nas instituições, organizamo-nos muito mais em redes de relacionamento e interesse, graças a Deus! (Orkut? Twitter?, até podem ser utilizados, mas não são eles que irão tornar essas redes reais e relevantes, vejo eles mais como uma vitrine de uma rede de relacionamento real).
Somos diferentes em muitas coisas, mas iguais no amor a Jesus! Não vamos negociar os valores do Reino (tentaremos, e Deus há de nos trazer de volta quando falharmos)! Não vamos abrir mão da experiência pessoal com o Salvador, mas precisamos aprender a compartilhá-la de forma relevante a esse mundo. Não vamos negociar nossa integridade (livra-nos do mal)! Não vamos ceder à pressão de que existem muitos caminhos possíveis para a redenção (e tentaremos não ser preconceituosos)! Não vamos esquecer a Palavra! Não vamos negar a Fé! Não vamos nos esquecer da Graça!
Mas queremos ir mais fundo no relacionamento com o Pai. Queremos conhecer e viver esse Deus que nos dá identidade. Precisamos experimentar esse amor paternal para conseguir viver uma das coisas mais preciosas do Evangelho: O serviço!
Temos a tendência de só querer receber... e isso não é evangelho. Mas também não queremos servir como jumentos culpados. Queremos servir como fruto do relacionamento com o Pai, como filhos amados, aceitos, e que querem repartir o que tem recebido. Sem o peso de acharmos que vamos conseguir resolver tudo. Não queremos ser movidos pelo medo do inferno e pela culpa do pecado! Queremos ser arrastados pela liberdade do perdão, da comunhão viva e verdadeira com o Pai que nos ama. Não queremos realizar grandes obras com a força dos nossos braços, antes ser pequenos instrumentos para o poderoso agir do Espírito Santo. Não precisamos de bandeira, precisamos de toalha!

OBS: Este texto eu escrevi em 2009, e até foi publicado na Revista Soma. Resolvi publicá-lo aqui porque esse assunto veio a tona no Encontro de Empresários que participei nesse final de semana. Como sou parte da tal geração Y, escrevo sob essa perspectiva!

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