O tal "curso"

Meus amigos mais experientes já haviam me alertado... os mais empolgados chegaram a fazer propaganda. O médico olhou firme para mim e perguntou: "Você já fez o curso?"

Minha esposa armou o esquema... Ligou para o hospital, comprou as fraldas de doação que precisava levar e até com a minha funcionária (que por acaso também é cunhada) combinou para que eu estivesse liberado para o tal curso. Toda primeira terça e quarta-feira do mês. Não precisa se inscrever antecipadamente, só chegar e participar. Isso mesmo, dois dias de curso!

Pois bem, imagine o dia mais frio do ano... era a tal terça-feira. Congelante! Naquele dia até no Mato Grosso fez frio, e de lascar. O curso começava as 19:30 e era do outro lado da cidade, em plena hora do rush. Coloquei uma trilha sonora animada no carro, e fomos... não me importei com o trânsito, estava até começando a entrar no clima... O google foi fiel e não me deixou errar o caminho.

Entramos na tal rua. Tudo escuro, inclusive o prédio grande onde seria o curso. "Já vi tudo!" pensei. Foi fácil estacionar, afinal só tínhamos nós na bendita rua. Descendo do carro deu para ver que ainda tinha luz no prédio, só uma luz acessa e a secretária se apressando para guardar as coisas na bolsa. "Já vi tudo!" confirmei em pensamento.

Paramos no portão fechado e logo a secretária veio, já com a bolsa na mão: "Ai meu Deus, já vou dizendo que eu não tenho nada a ver com isso, a gente só cede o espaço!"
É... isso mesmo... Não tinha nada de curso naquele dia.

Voltamos... o frio tava mais frio, errei o caminho e o trânsito parece que só tinha piorado. Eu amarrei a cara e minha mulher, coitada, não parava de tentar reatar algum nível de comunicação comigo. Sem sucesso.

Voltamos pra casa e me esquentei debaixo das cobertas. "Pelo menos me livrei do curso", pensei.

Dias depois voltamos ao médico. "O pai já fez o curso?" "É, tentamos doutor mas não teve como fazer e essa semana minha esposa volta a trabalhar..." "Não faz mal, quem precisa fazer o curso é o pai'. Me lasquei...

Não teve dúvida, na semana seguinte, agora com a data confirmada, estávamos lá novamente. E dessa vez realmente eu não estava no clima. Ou estava?

Enquanto manobrava o carro, a Bárbara já foi puxando assunto com um casal grávido. Fui me aproximando e quando cheguei só deu tempo de ouvir o outro pai dizer: "Era só o que faltava mesmo, agora tem que fazer curso para ver meu filho nascer. É fim da picada! No meu primeiro filho não teve nada disso!" Saiu apressado, pisando duro, meio que puxando a mulher tartaruga com aquele barrigão.

Me senti aliviado, acho que eu não estava tão fora do clima. haha

Ah o curso? Vernix Caseoso, Mecôneo, como vestir um macacão de médico e pontos na testa. Mas aí tem assunto pra outro dia. Eu conto mais tarde.

Abração gente boa!